segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

QUASE






Somos a alma gêmea
do desejo e da carência
Quando estamos distantes
eleva-se seu colesterol
dispara minha glicose
e não nos sentimos cuidados
Mas quando estamos juntos
um rio de vinagre e mel
atravessa nossos lábios
e a necessidade põe a mesa
Ela diz: "Sem ti
em minha via muito sofro"
Retribuo-lhe a gentileza: "Nosso
amor é oitava de temperança"
E assim rumamos embriagados
de beleza e esperança









Luís  Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 477




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O VAZIO





O vazio está no presente Jamais no passado Nunca no futuro
É um presente do presente


Vazias possibilidades: o amor chegar; a esperança passar
a noite; a autoestima permanecer em férias; a serenidade
relaxar; o desapego florir


Vazio é o espaço para o mistério passear e fazer
o seu trabalho


É o lugar que preparamos para o infinito vir cear
com o finito


É a antessala do divino; o altar da paz; o trono da plenitude;
o jardim da humildade; o fluxo do Eu-Sou


Vazio é o território do amor de Deus; da sabedoria de Deus;
da saúde de Deus; da harmonia de Deus; da alegria
de Deus em nós


Descerremos as cortinas Façamos silêncio
Limpemos a casa
Aceitemos a coragem e o temor
Chegue o vento
e instale o seu show








Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 560



segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Z (O Filho Pródigo: Um Poema de Luz e Sombra)

Cena do filme 'Zorba, o Grego'




Guie-nos a Constelação das Plêiades
envolta em nuvens de narcisos
até o santuário de Apolo
onde dorme o sepulcro de Dionísio


Na máscara mortuária dos deuses
contemplamos o resgate do exílio
Ó sonho eterno:
Tua face dourada
e a minha sombria
formam um só rosto
de ornado mistério


Somos dois
frente à divindade
Pequenos sóis
da mesma verdade


Somos o só
e o mesmo
Somos o próprio
em si mesmo


Que viemos fazer aqui
senão confraternizar
com a vida e o seu longo elixir
no prazer de reencontrar-nos?


Entre tantos semelhantes
façamos o mundo girar
e como Zorba dançar
enquanto escoam os instantes


Eia juntos caminhemos
além do além do além
sob o amor frutifiquemos
aos pés do Supremo Bem!





São Luis
jun/dez/2005





Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 404