segunda-feira, 15 de agosto de 2016

CASSAS LANÇA EM SÃO PAULO “A POESIA SOU EU”, POESIA REUNIDA



O poeta Luís Augusto Cassas


NA CASA DAS ROSAS, 17 DE AGOSTO ÀS 18H30,COM RECITAL DE POETAS, ARTISTAS E AMIGOS

A VIDA TORNADA VERSO: UM LIVRO ABERTO
O poeta Luis Augusto Cassas, 63, maranhense, radicado em São Paulo, lança a sua Poesia Reunida, reunindo 20 livros de sua jornada lírica, em 2 volumes encadernados com 20 livros de poemas, retratando a sua jornada lírica. O acontecimento cultural será realizado na Casa das Rosas, à Av. Paulista, 37, dia 17 de agosto, entre 18h30 às 21h30.  A noite de autógrafos ocorre durante leitura de poemas por poetas, artistas e amigos. O evento é promovido pelo Chama Poética.


CONCERTO PARA VOZ E SILÊNCIO
A ordem de 17 de agosto a partir das 18h30,na Casa das Rosas, é poesia. Mais de duas dezenas de pessoas irão ler poemas de Cassas, mostrando ao público paulista uma amostra representativa de sua poética. A monja Coen e a escritora e terapeuta Bel César, bem como o compositor Zeca Baleiro  estarão presentes. Responderam afirmativamente à convocação os poetas Álvaro Alves de Farias, Flora Figueiredo, Ruy Proença, Celso de Alencar, Mariana Basílio, Hamilton Faria, Lucia Santos, Rubens Jardim, Roseli Arruda, Elke Lubitz, Mariana Teixeira, Vlado Lima. Mas o elenco não se esgota aí - nomes da música popular e erudita – Nathália Ferro, Gabriel de Almeida Prado, o tenor-maestro Victor Vieira e a soprano Carol Campos acenaram positivamente.. Na geleia geral dos convidados, o editor Eduardo Lacerda e os atores Cássio Junqueira e  Áurea Maranhão, também são presenças confirmadas.” O concerto para voz e silêncio ,mediado pelo espectador” segundo Cassas “ poderá contar com alguma surpresa”. Luis Avelima, músico, escritor e cantor, deverá abrir o Recital.


A OBRA  POÉTICA DE CASSAS
Editado pela Imago, em 2 grossos volumes encadernados, ”A Poesia sou Eu”, exibe desde a estreia de “República dos Becos”, em 1981, que lhe deu consagração nacional, passando por títulos conhecidos como  Ópera Barroca: Guia Erótico-Poético & Serpentário Lírico da Cidade de São Luis do Maranhão, A Mulher que Matou Ana Paula Usher, até três livros inéditos mais recentes. Em quase 1500 páginas, traz ainda vasta fortuna crítica sobre o autor, natural de São Luis do Maranhão, usina de poesia de nomes como Gonçalves Dias, Sousândrade e Ferreira Gullar.
A poesia de Cassas habita a convivência entre o popular e o esotérico, o místico e o mítico, o social e o existencial, o cósmico e o sentido da vida, navegando entre cartas de tarôs e iniciações barrocas. Pródiga em códigos, propõe uma espécie de síntese cosmogônica de tudo. É atravessada por dramática compreensão do universo, incorporando o niilismo e o satori, cuja assinatura, portando exacerbada sede de eternidade e ânsia de infinito, revela nuanças cabalísticas, impressionistas, realistas, dadaístas e surrealistas.  
Um de seus melhores retratos  é pintado pelo poeta, crítico e tradutor Marco Lucchesi, no pórtico da Poesia Reunida. Eis alguns trechos do ensaio de Marco Lucchesi sobre Cassas:
“Vejo a obra reunida de Luís Augusto Cassas. E me espanto com a população que habita seus livros. Uma demografia incomum. Toda ecumênica. Cheia de beleza. E frescor. Mais de uma praia. E mais de uma cidade. O mundo e a redescoberta de sua grande poesia. Uma das mais belas que se escreve hoje no Brasil. E das que mais me comove.”
“Algo de Apollinaire. Algo de Blaise Cendrars. Mas tocado pelo tempo atual. E com uma síntese toda sua, uma linguagem toda sua e um acento inconfundível.”
“A poesia de Cassas nasceu como Minerva da cabeça de Júpiter. Grego equinocial. Cidadão do mundo. Amante do corpo e do intelecto.”
“Para Cassas, o universo é uma teia de correspondências, em que as pedras e as estrelas se comunicam sob os céus do Maranhão ou de qualquer parte do Globo. Como se buscasse a espiral de Deus. O nautilus invisível.”
“E Cassas é este sobrevivente pós-moderno de Babel, o DJ de Deus, o trapezista luminoso de um circo de palavras, perdido entre alturas e adesões. O universo é como um iPod. E Cassas busca o modo de fazer o download de alguns resíduos de Deus que vagam no ciberespaço. Além da pedra. Do sonho. E da estrela. E o livro do mundo precisa ser lido. Tudo aquilo que diz sem dizer. O espaço entre as palavras. O branco da página.”
“Temos o poeta da cabala do visível, que sai do papel e vai para a vida — nunca saiu da vida este poeta nietzschiano, atrevido, apaixonado às últimas consequências.”
“Um permanente j´accuse como um profeta do antigo testamento no seio da modernidade. O drama da figura do Pai e da piedade do Filho. Uma telemaquia de Cassas à procura de Ulisses. A espera do Pai. E do futuro. E do filho pródigo. E a volta. A transfiguração materna em ampliados afrescos. Dvořák e o banquete de cordeiros físicos e metafóricos. O Alfa e o Ômega de uma dor íntima. Ao cabo, o encontro com Hölderlin, atingindo o ápex de uma vida dedicada de todo à poesia. Alta voltagem de mistérios e revelações.”
“Ele preferiu a escola do abismo. Mais que a de Telêmaco. De quem aprende com as impurezas do Hades. E ao voltar, como Orfeu, buscou Eurídice por todos os quadrantes. Mas seus olhos tinham fogo. Sua boca havia sido marcada pela sarça ardente da poesia. Era demasiado tarde para uma crítica da forma pura. E toda uma língua forte — cheia de frescor — com uma férrea vontade de levar a termo uma nova razão de estado da língua de seu país, em que tudo aparece deslocado e destramado. Sua poesia não tem compromissos. E é livre e compartilha um ecumenismo raro na literatura brasileira. E aqui não falo apenas de uma compreensão mística, mas de uma variedade poética e vocabular cheias de eletricidade. Poeta que canta as belezas do mundo. E suas partes trágicas. Mas com um sorriso de fundo permanente.”
“A Obra Reunida aqui está. Cassas tem agora a imagem do próprio rosto. O itinerarium mentis. As confissões deste Augustinho pós-moderno, maranhense e brasileiro”, concluiu Marco Lucchesi.

A POESIA SOU EU
A Poesia Reunida de
Luís Augusto Cassas

2 volumes encadernados de formato 16 x 23 cm

Volume 1 — 696 páginas
ISBN: 978-85-312-1093-8

Volume 2 — 672 páginas
ISBN: 978-85-312-1094-5







Fonte: Cultura Alternativa
http://www.culturaalternativa.com.br/literatura/eventos/item/8960-cassas-lanca-em-sao-paulo-a-poesia-sou-eu-poesia-reunida






quarta-feira, 6 de abril de 2016

EPÍGRAFE PARA QUALQUER CONGRESSO DE POESIA






moderno não é o avião
o míssil o laser o perfume de madonna
os cabelos de cobalto de andy warhol
a crítica da razão impura de rené
descartes clement
a aspirina a dialética o corte de
cabelos de elizabeth taylor
a gravata do príncipe de gales
o externo existir


moderno é o coração
companheiro de viagem
de todas as idades
que escreve os Vedas
e apazigua  Força
e apesar de ferido
pelo pensamento
permanece terno
e eterno
dentro do centro






Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 1, p. 28






quarta-feira, 2 de março de 2016

FELIZ ANIVERSÁRIO, POETA!




Hoje é aniversário do nosso poeta e aqui estou, com muita alegria, a celebrar, no blog,  esta data tão festiva. 
Desejo, em nome dos leitores e admiradores de sua poesia, saúde, paz interior, alegria e muita inspiração! 
Que Maria o proteja e o ilumine, sempre! 
Deixo aqui um poema, um pequeno presente, meu gesto de admiração e carinho.
Feliz Aniversário, poeta! 






MÃOS ALADAS

                                  para Luís Augusto Cassas


Mãos não voam,
eu sei.
Porém, quando me deparo
com as tuas,
vislumbro nelas
a intrínseca capacidade de voar.
Não com asas comuns
cobertas de penas,
mas de palavras,
lançando-as na imensidão
do azul-lírico do teu firmamento
e fazendo-as alcançarem
a  infinitude  de  significados
que ecoam nos quatro cantos
do teu uni(verso).
Um voo de rara beleza esse,
que somente tuas mãos realizam
nesse horizonte próprio,
cujo sol é a metáfora mais vívida 
de ti. 






Elizabeth F. de Oliveira





terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

REMEMBER ANCHIETA





Passeando descalço - pulmões inflados - 
por estas praias solitárias do litoral
em companhia de gente muito importante:
o sol as ondas as dunas brisas coqueiros e gaivotas
(a mais de 3.000 km da Praia de Iperoig;
a 418 anos da 1a. edição do poema
Da Virgem Santa Maria Mãe de Deus) 
às vezes detenho-me na alva areia
e com o indicador escrevo teu nome: Maria
Como quem procura as tuas mãos
O mar - exército de lavadeiras - vem e apaga
Escrevo de novo: Maria
As ondas vêm carregam a palavra
arremessam-na contra os arrecifes:
teu nome vira sal e espuma
4.172 vezes escrevo: Maria
4,172 vezes o mar vem e leva a areia
Ó Editores do tempo! Pelas barbas de Gutemberg!
Ó Anchieta! Apóstolo da Palavra!
Merecias ser canonizado - Santo Santo Santo -
por realizares o teu milagre maior: o da Poesia
Enquanto eu - sem a proteção
de Deus e da História
mercê do mar da chuva e maus ventos
não deixarei vestígio:
pedra arremessada
alimento de peixes
ou fósforo apagado
na memória







Luís Augusto Cassas
in A Poesia Sou Eu, vol. 1 , p. 129

Este poema consta  no livro  de Rubem Braga, 'A poesia é necessária', 
com os melhores poetas brasileiros de todos os tempos, pela Global Editora.