a Solange Costa
este raio de sol
os lençóis maranhenses
são mulheres das 1001 noites
banhadas em luar de cabra
cada vento escolhe seis donzelas:
esculpe os seios e os quadris
soprando-lhes a pele de nácar
sinuosa dança do ventre
as dunas se contorcem em lento gozo
os lençóis as camas as amadas
uma é navio; a outra: sereia;
a distante: corça reinventada;
aquela outra: sonho de kurosawa
as coxas os lábios as espáduas
são o vale cobiçado das estrelas
mas o sol já tatuou-lhes as nádegas
os lençóis maranhenses
são haréns de mulheres de areia
na tempestade de amor roladas
_estrangeiro: segue a estrada
desarma as tendas e o desejo
deixa-lhes a seda e a prata
que segredos guardam as azuis lagoas
olhos de líquida opalina
das aventuras da via láctea?
observai as pirâmides espreguiçadas:
no coração do deserto
só há oásis quando se é fábula
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 411
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