no aeroporto de Buenos Aires em 1978
deveria ser a Imperatriz
de um longínquo país do sol nascente
- envolto em conto de fadas
dragões que viram príncipes
e raptos de princesas -
pois sua beleza reinava solitária
dentre todas as mortais
Independente como a Lua
e bela como os templos do Nepal
Combinava a pele de porcelana
com os gestos de cristal
Poderia estar regressando do exílio
(na frasqueira: selos da família imperial)
ou viajando clandestina
sem protocolo e damas de companhia
para disfarçar protestos do povo
em tempos de revoluções sociais
Incógnita em trajes ocidentais
corria o mundo pra descansar
da prisão dourada do palácio
e quisesse evitar fotografias
e assédio de revistas de moda
& colunas sociais
Quando chamaram seu voo
os olhos me emitiram secreto sinal
Súbito o verão fugiu de Buenos Aires
pra algum longínquo país oriental
(“Independente como a Lua
e bela como os templos do Nepal”)
Nada é casual
ensina-me a vida
nas lições do Tao
Mas então o que queria dizer
o olhar da mulher oriental
numa tarde de dezembro de 1978
no aeroporto de Buenos Aires?
Que significado claro ou oculto
devo tentar desvendar?
Por que quando abro o Tarô
o arcano 3 vem se revelar?
Na Terra há muitas estrelas
que só Deus em seus mistérios
sabe interpretar
Luis Augusto Cassas
O Retorno da Aura - 1994
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