A)
belo é desencavar
o arco-íris
quando brincávamos
nas sarças
formando com pedrinhas
o aleph
(philon abraão
espinosa e Nietzsche
cantando nas hermas
a música das esferas)
éramos um
o pequeno davi
e o todo poderoso:
(a parte e o todo)
asas da oxigenação
entre o nada
e o nadir
à hora perigosa
girou o compasso
a escuridão
mudei eu/tu
as tardes de azul?
mas não serei
o teu acusador
sempre romperei
o pacto da flor
leio no céu e terra
a tua inscrição
responde por sinais a intriga:
as tragédias coletivas
e a minha vida
em carne viva
clamam a água viva
B)
por que
uma célula
em cisão
fragmenta
a unidade
desvia-se
da gravidade
e funda
outra constelação?
por que
a parte
desligada
do todo
louco kamikaze
explode
o velho
e o novo?
em que
escola
aprendeu
o suicídio
coletivo:
a revolta
contra o eu
e a glória
de estar vivo?
por que
planeta
em comício
mergulha
em negro
equador:
contamina
o infinito
enlouquecido
de dor?
C)
se sou culpado
envia-me cuidados
dissipa-me a confusão
constelações de mim
aguardam sedentas
nas páginas do deserto
ou mar das tormentas
a tua manifestação
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 310
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