a Ivan Junqueira
que incêndio ou prece
lavra em pleno quarto
girassóis na face
do meu sobressalto?
que estranho van gogh
pintou esse fogo
embuste do logos
mistério do logro?
queima-me os lençóis
queima-me o peito
acende os meus sóis
de napalm no leito
quem riscou o fósforo
do insano milagre
- escrita no bósforo -
consciência em zinabre?
quem ateou o fogo
e alteou a centelha
assando-me no lago
da mais ígnea ceia?
é o aflito deus
que preside em mim
as glórias do céu
do inferno o estopim
é o anjo e demônio
- mistério e mister -
milagre do ozônio
fero lúcifer!
é o santo verbo
com seus mil neurônios
cozinhando os nervos
fritando-me os sonhos
lança apocalíptico
diesel ao madeiro
desfila alegórico
o corpo dos bombeiros
explode os ritos
da água pesada
imprime no espírito
sua fúria sagrada
assa-me em brasas
a carne e o poema
renasce-me as asas
no fogo dos temas
soca o arrozal
teu pilão de sol
purifica o mal
lepras do arrebol
cicatriza o fel
nas chamas do laser
derrama o mel
na taça do ser
sopra tua luxúria
cavalos de força
acende a fúria
dos puros na forca
quem inventou o poema
bicho ou deus da noite
elegeu a pena
sol maior que a foice
enquanto arde a messe
sua espiga fáustica
o corpo amanhece
em vigília cáustica
deixando entrever
no inflamado bonzo
a glória do ser
em línguas de gozo
acendam ó meus sóis
pela vida inteira
chamas dos faróis
temas das fogueiras!
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 461
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