ah! sejamos incendiários
docemente incendiários
como o bofete de maiakovski
na face esquerda do czar
óleo diesel álcool 40 crepúsculo argelino
bomba h fissão nuclear fósforo pinheiro
ou coquetel molotov com chantilly
tudo é pavio para altear a chama
incendiemos a esquerda e a direita
incendiemos o centro o alto e o dentro
queime o fogo o Capitólio e as nuvens
e a face de Deus ganhe um belo bronzeado
mas queimemos tudo com charme
para que não haja alarde:
e a piolhenta barba do velho marx
crepite como vestido de joana d’arc
queimemos os democratas e os socialistas
queimemos os surrealistas e os porcos chauvinistas
queimemos os Vedas a Bíblia e o Alcorão
a página da História vire tocha olímpica
seja um espetáculo pirotécnico
de causar inveja a Nero:
certo de que o último a sucumbir
não apagará o fogo em seu xixi
ah! sejamos incendiários
docemente incendiários
como o bofete de Maiakovski
na face esquerda do czar
o fogo queime o todo o tudo e o antigo
e faça brotar da casca do (n)ovo
e quem sabe então nasçamos rubros
mais rubros que a revolução de outubro
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 01, p. 280
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