Pai
pelo sopro
pelo horto
obrigado
pelos planetas em rotação
pelos ratos do porão
obrigado
pelo amor envergonhado
pelo pão compartilhado
obrigado
pelo vazio ontológico
pelo osso filosófico
obrigado
pelas horas de alegria
misturadas à agonia
obrigado
por voar de asas cortadas
por ter incendiado a casa
obrigado
pelos ciclos de morte
e exposição aos ventos
gerando-me renascimentos
obrigado
pelo jardim e pela torre
pelos pântanos e flores
obrigado
pela beleza sonhada
pela biografia rasurada
obrigado
pelo preço da encarnação
pelo peso da evolução
obrigado
pelo que foi impronunciado
abafado e não gerado
obrigado
pela totalidade
moeda do erro e verdade
muito obrigado
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2. p. 401
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