Companheiro a vida é escândalo
se à luz o reflexo ignoras
Não procures nas nuvens os anjos
Os demônios não estão lá fora
Separa o sutil do espesso
na imensa teia dos dogmas
Contemplarás pelo avesso
o ser que tanto deplora
Combate interno o perigo
de erguer castelos e mitos
Libertar-te-ás do castigo
de ser o próprio inimigo
Por que os homens sendo soltos
permanecem prisioneiros?
Débeis lançam ao mar revolto
a chave que os mantinha inteiros!
Não busca a via que transforma
Aguarda o sagrado bem
Esculpirá áurea a forja:
ao peito - Jerusalém!
Ah! Jerusalém soubessem os
homens de onde jorram as fontes
estilhaçariam os reflexos
que cavam abismos Não pontes
Aceitar o inaceitável
absorver o absurdo e a raiva
integrar o imperdoável
consumar o todo e o nada
dissipar véus e neblinas
jamais negar a descida
mas reelaborar a subida
desvelará sino e sina!
Até lá prisioneiro
combaterás contra o espelho
destruindo inútil guerreiro
a glória de seres tu mesmo!
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol.2, p.528
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