à beira de estranho lago
reflito calado mistério
mamando o seio imaginado
o que sou? vento:
morte e renascimento
no pensamento
toda a meditação
a ausente canção
pra ouvir-se o coração
sou rei do que não sei
e da carne que me ergue
jamais saberei
a tinta do meu nome
dissolve-se nas crenças
de impoluta névoa
ó lavadeira do ser:
mergulho nas causas
que precedem as coisas
existencialismo divino
o amplo vazio
do tempo fluindo
ser o espaço em branco
respirando abscôndito
s/ intenção de súplica
e (sendo) ainda assim
piscina deserta
que a gota gesta
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 216
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