tua ausência
explode os castelos da minha angústia
em que pululam famintos no fosso
os jacarés da aflição
tua ausência
sufoca o sol c/ aranhas e centopeias
esbofeteia os lírios do jardim
e planta buracos negros nas constelações
tua ausência
é máquina de tortura: geme a fúria dos ossos
em consórcio de agonias e range o peito
derramando absinto pelo chão
tua ausência
é sinfonia de vitrais partidos
estilhaços de angústias litanias de cobalto
cruz devorando a carne em flagelação
aquela que brilha em chamas na pupila
chegará a tempo antes que me cresçam as garras
e a fera destrua o sonho de transmutação?
lança último olhar sobre o espelho:
entre o bicho e o infinito desfaleço
rosa negra desabrocha-me nas mãos
nos lábios despetala o derradeiro suspiro
de animal ferido que sabe o encantamento
e em desespero aguarda o beijo da libertação
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 337
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