aos cantores liricos e amigos
Carol e Victor Vieira
o rosário é uma manopla
máquina de triturar
a queixos infiéis soca
e o chão em logo beijar
o rosário é o grão-chicote
vergastando o calcanhar
mil e quinhentos mascates
do templo vai expulsar
o rosário é uma rede
repatriando céu e mar
pra que os peixes com sede
a todos venham saciar
o rosário é uma árvore
enlouquecida de amar
atraindo à sua nave
o homem o sol e a lua
o rosário é um trem de almas
ajoelhado nos trilhos
percorrendo em angústia e calma
a salvação dos seus filhos
o rosário é um terrorista
recrutado no shabat
treinando em fé e alegria
pro coração resgatar
o rosário é um parabélum
acendendo a luz no eterno
é a canção do violoncelo
lavando o fogo do inferno
é punhal e fina adaga
de salomônico fio
é molotov e granada
lançando aos ares o exílio
é também laço e corda
ligando o poente ao nascente
e nos círculos em cruz borda
a ponte entre o ser e o ente
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol.2, p. 526
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