aqui onde passa o meridiano do coração
outrora foi o
Mar da China
5.000 arqueiros de
armaduras reluzentes como o sol
lançavam incendiárias flechas atonais
de suas flautas
para saudar o equinócio
de pérolas da Dinastia T’ang
mas o crisântemo
desarmonizou-se com a nota kung
e os lótus se afogaram na décima primeira lua
descíamos a vau para as montanhas tibetanas de Kung Lu
onde o céu e a terra engendram as dez mil coisas
rompendo o Portão do Inferno e o Portão da Nuvem
para a
conferência anual das quatro estações
em que os ancestrais se reúnem próximo
à cortina do
bambu de seda
e o verão descansa a
cabeça no travesseiro de jade
para ouvir a sutra da
palavra tranquila
transcorria o Ano da Serpente e era o Hexagrama 58
movimento e repouso em algum lugar do vazio
o Grande Yang e o Pequeno Yin convocaram
para o sacrifício imperial
as artemísias em fogo e
os espinhos de metal
para restabelecer
o fluxo das águas na energia
da vida
e o Rio Amarelo tornou a fluir nas correntezas das veias
como um peixe que
nadasse livre entre musgos e líquenes
Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 1, p. 286
In A Poesia Sou Eu, vol. 1, p. 286
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