quarta-feira, 20 de maio de 2015

ODE À HÓSTIA





Sol branco de trigo e paz
iluminando o universo interior
Floresces no céu da boca
com gosto de mistério e de milagre
Como Agostinho em Óstia
dividido entre o amor sensual e o espiritual
dissolves-me o parco entendimento
e sinto o amor com a essência do ente amado
Menino ávido de aurora e luz
elevado nessa pura lei da gravidade
oferto os lábios à seara diária E floresço:
trigal de Deus hóspede do divino
Cada ceia acorda a sagrada família interior
e renasço em mim multiplicado em pães e peixes
Brasas ardentes povoam-me o coração!
Que o sol que me desce às entranhas
sarça branca fogo imaculado
é o próprio cordeiro transplantado
síntese solar da mais pura alquimia
que converte em ouro tudo o que era chumbo
e faz do humano a passagem para o sagrado









Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 1, p. 401



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