segunda-feira, 25 de novembro de 2013

POEMA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS







1
O amor de Deus nos torna ridículos.
Enriquece-nos com tesouros do céu
mas desliga-nos das coisas da terra.
A barba cresce o orgulho desaparece,
os amigos entristecem as mulheres fenecem.
Pródigos do céu e perdulários do mundo
somos atraídos pelo ouro do alto que ninguém vê
Tudo doamos: até o amor
que não sabíamos armazenado.
Em vez de prazer, ofertamos compaixão.
Em lugar do ódio, oferecemos comunhão.
Somos frágeis palmeiras inclinadas
ao sopro da sua sabedoria.
Mas a arquitetura e engenharia do Senhor,
as obras, as obras, as obras,  quem as compreende?



2
Não e não. Não queríamos Deus
em nossos corações.  Antes uma vida tranquila,
um pôr do sol no campo, um amor à beira-mar,
do que cultivar esses imensos campos verdes
com tantas ovelhas desgarradas a pastar!
Mas o Senhor nos destruiu com seu raio divino:
invadiu-nos a alma, afugentou-nos o temor,
deu-nos por casa o universo,
vestiu-se belos como os lírios dos campos,
alimentou-nos com os pássaros do céu
e nos fez andar descalços
sobre as pedras e espinhos do passado.
Meus pés ardem em chagas,
Meu espírito está em brasa,
mas meu coração transborda em seu cálice!
Maldito quem nos tornou ridículos
 em nome do Amor!
Bendito seja por toda a eternidade
o nome do Senhor!





Luís Augusto Cassas
In Liturgia da Paixão, p. 184



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