quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

SILÊNCIOS







as ideias e as formas
pedem-me o descanso
das estações dos ventos
atravessa-me a melancolia
o sacrifício de nomear
a indizível água do mundo
o essencial tornou inútil
a carnadura das palavras
qualquer imperceptível ruído
ferirá o pássaro no ninho
entre memória e abismo
deus constrói o seu vazio
não escreverei mais poemas
sobre a beleza e a verdade
poetarei c/ o silêncio
essa máquina hiperbólica
capaz de captar e ferir a voz
mesmo sem despertá-la




Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 241


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