sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

UMBIGO DO MUNDO


                                                                                                                        a Solange Costa
                                                                                                                       este raio de sol



os lençóis maranhenses
são mulheres das 1001 noites
banhadas em luar de cabra


cada vento escolhe seis donzelas:
esculpe os seios e os quadris
soprando-lhes a pele de nácar


sinuosa dança do ventre
as dunas se contorcem em lento gozo
os lençóis as camas as amadas


uma é navio; a outra: sereia;
a distante: corça reinventada;
aquela outra: sonho de kurosawa


as coxas os lábios as espáduas
são o vale cobiçado das estrelas
mas o sol já tatuou-lhes as nádegas


os lençóis maranhenses
são haréns de mulheres de areia
na tempestade de amor roladas


_estrangeiro: segue a estrada
desarma as tendas e o desejo
deixa-lhes a seda e a prata


que segredos guardam as azuis lagoas
olhos de líquida opalina
das aventuras da via láctea?


observai as pirâmides espreguiçadas:
no coração do deserto
só há oásis quando se é fábula




Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 411



Nenhum comentário:

Postar um comentário