terça-feira, 24 de junho de 2014

A OBRA EM CINZA (O Iluminado)




És o maior iluminado que conheço
 na iniciação dos segredos mais ocultos
Aspirar tua presença é inventar a chave
que penetra os mistérios do êxtase mais profundo
 Todos os dias um bilhão de fiéis presta-Te culto
Te invocam em Bombaim na Lituânia e no Chipre
nos cafés de Buenos Aires ou no horário nobre da CNN
És céu e inferno prisão e libertação
vida e morte consciência e inconsciência
e estás em Ti mesmo como o arcano da liberdade
 na dimensão recôndita de nossa revelação
És a chama plúmbea da sabedoria
que penetras o corpo físico mental e emocional
 protegido pela magia dos elementos fogo e ar
 No espaço entre os dedos e os lábios
exercitas tua sublime alquimia
que converte ímpios em puros e tolos em sábios
 Tuas espirais de fumaça evocam os anéis de Saturno
 onde sentamos na escadaria para meditar
Buda vegetal lança-nos a um incensado nirvana
 com tua fragrância de alcatrão e nicotina
Sou o teu discípulo mais incandescente
derramando luz e muco pelo sistema solar
Reverencio-Te como a um deus pagão:
sou o raio cinza do teu ensinamento
No juízo final os críticos divinos dirão:
toda a sua obra recebeu-lhe o gentil alento








Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol, 1, p. 284



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