sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O BOM LADRÃO





Quando o desconhecido chegou
montado em seu corcel de pele negra
enviado pelos deuses da morte e transformação
negra noite desceu sobre o céu da alma
e escureceu até o disco solar dos olhos
Não reagíssemos e lhe entregássemos
os bens mais preciosos:
o prazer o poder o sentido da vida
Até a mais íntima essência
guardada no jardim interno
(O sangue fervendo nas veias
trazia à superfície as flores do mal)
Quando abrimos os olhos novamente
um sol de verão iluminava a noite da alma
A morte derretera as máscaras de cera
e a transformação entoava seu cântico de despojos
Na maçã dos rostos e no clarão dos olhos
o sofrimento exibia a sua discreta recompensa
Estávamos mais velhos ou mais jovens?
Havíamos morrido ou ressuscitado? 
A vida (agora) pesava como nunca
mas leve era o fardo a carregar
Secretamente entre nós uma cruz solar
encimava a lua negra do destino








Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 1, p. 420



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