sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O SENHOR DA GUERRA





1
cordeiro de deus
fúria do leão
touro de orfeu
- vede o grande mar
da desolação - 
remédios adoecem
médicos matam
padres não confessam
pastores pastam:
contra grande besta
quem nos salvará?



2
o tiranossaurus rex
quem o imaginou abolido
do sangue da criação?
o dna entra em sêxtil
o gigantesco réptil
ei-lo em operação
máquina mortífera
a fome de vísceras
aperta-lhe o botão



3
cordeiro de deus
berra mais forte
que os donos da terra

cordeiro de deus
grita mais fundo
que os canhões do mundo

cordeiro de deus
clama mais alto
que os animais imundos


águia
de oxalá
vinde
nos salvar



4
baixa as tuas línguas de fogo
explode a mansão do logro
destrói os tímpanos dos poderosos

fulmina os cavaleiros do apocalipse
livra-nos dos arquitetos de auschwitz
salva-nos do eterno eclipse

incendeia-lhes os campos de batalha
reduze-os a pó e palha
faz das suas arrogâncias mortalha

espalha a tua sagrada ira
devora o fígado da pantera
- essa prostituta das eras -

dá-lhes por comunhão
o sangue derramado
do próprio irmão



5
depois
eleva as tuas ovelhas
serve-lhes o banquete das estrelas
veste-as no linho das centelhas
acalenta-as na música das esferas
então
na alcandorada manhã
saciada nossa fome
lavaremos tua lã
na luz do coração do homem








Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 523



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