quinta-feira, 31 de julho de 2014

V (O FILHO PRÓDIGO: Um poema de Luz e Sombra)



Pai
pelo sopro
pelo horto
obrigado


pelos planetas em rotação
pelos ratos do porão
obrigado


pelo amor envergonhado
pelo pão compartilhado
obrigado


pelo vazio ontológico
pelo osso filosófico
obrigado


pelas horas de alegria
misturadas à agonia
obrigado


por voar de asas cortadas
por ter incendiado a casa
obrigado


pelos ciclos de morte
e exposição aos ventos
gerando-me renascimentos
obrigado


pelo jardim e pela torre
pelos pântanos e flores
obrigado


pela beleza sonhada
pela biografia rasurada
obrigado


pelo preço da encarnação
pelo peso da evolução
obrigado


pelo que foi impronunciado
abafado e não gerado
obrigado


pela totalidade
moeda do erro e verdade
muito obrigado







Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2. p. 401 



Nenhum comentário:

Postar um comentário