quinta-feira, 3 de julho de 2014

ONTOLOGIA POÉTICA





1
O mítico é contraparente do místico
nos mistérios da razão
No chá ou no café
aparentemente quente
o filósofo é um místico sem fé
de plantão


Separar Sofia de Maria
(épocas évoras)
convenhamos
foi essencial à ontologia


Superar essas idiossincrasias
(agora na ágora)
eis os arcanos
da nova alquimia


Eis a operação
em execução:
a poesia em sintonia
unindo a postos os opostos
revela a pós-utopia:
Maria Sofia


Então
verdadeira-mente
o ser-doente
será o ser-do-ente
e o ente-do-ser
onto-poematicamente
tornará
a ente-ser




2
Do crístico ao anticrítico
retiro o apócrifo maldito:
essência precede existência?
nunca o místico e o mítico 
foram tão mistos


Pneuma é mulher de pneu?
Ateu é aderente do céu?
Na afinidade do ponto Zeus
tudo é blue e breu - teu e créu -
meu e de Deus


Toda antologia
pressupõe uma
ontologia
litânica sinfonia
direito de ir e vir
(devir)


duplas flores
de transferência:
essência 
& aparência
na veia
da via


Vide 
Vida







Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 1, p. 530

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