segunda-feira, 7 de julho de 2014

O POEMOSSAURUS REX DE CASSAS E O APOCALIPSE LITERÁRIO DE 2012


        Já tem nome e está nas livrarias de nossa cidade, despertando curiosidade entre os amantes de livros e literatura, o apocalipse literário de 2012. Trata-se do Poemossaurus Rex do poeta Luís Augusto Cassas, A Poesia Sou Eu, Poesia Reunida, em dois densos volumes e encadernados em esmerada produção gráfica pela Imago. A obra enfeixa todo o relacionamento de Cassas, movido a paixão e suor, com sua mais permanente e assídua companheira: a poesia.

      É um grande monumento literário de quase 1.400 páginas de pura exultação e exaltação da vida, de risadas livres, silêncios infinitos, visões alucinadas, despertar de novas consciências. Os livros são gostosos de manusear, bonitos de ver, de boas pedras e arquitetura leve e transbordante. Refletem o mundo interior fantástico e desafiador do poeta. Podem ser lidos como um intenso e iluminado diálogo com o Verbo, um coro de muitas vivências interiores e um inusitado jogo verbal com o Eu Sou, matriz e self da Palavra.

      Reúnem 16 títulos publicados e quatro inéditos, apresentação do poeta Marco Lucchesi e longo estudo crítico do ensaísta José Mário da Silva, que destacam a atração e a iniciação de Cassas pelo todo. Os dois tomos incorporam ainda alentada fortuna crítica que enriquecem o estudo da poesia cassiana. Exibem nas capas imagens do fotógrafo alemão Christian Knepper retratando o poeta lendo na Escadaria do Comércio, na Praia Grande, retrabalhados pelas capistas Luciana Mello e Monika Mayer, em tons de azul e laranja, que dão um toque sóbrio e solar à edição.


Luís Augusto Cassas
O Nome da Obra

      “Batizei a obra A Poesia Sou Eu porque, buscando a inteireza, no sentido de desnudar a verdadeira face, como no poema de Rumi, o amado vestiu o rosto da amada. E acendeu todas as cores no arco-íris de sua alma. Sonhei com ela todos os sonhos de liberdade. A poesia foi minha vida. E minha vida tornou-se poesia”, revela Cassas.
      Para ele, olhando o mapa lírico de sua trajetória, “tudo agora se encaixa na moldura projetada. E oferta-se integrado,na paisagem concluída.”E continua: “...porque no fundo escrevemos para ser amados. Só assim ressoará a nossa voz nos jardins da humanidade. A poesia é uma forma de amor. De curarmos as nossas e as dores do mundo”.

A Poesia Sou Eu, um
divisor de águas

      Celebrado como um dos mais importantes poetas de nossa contemporaneidade, desde que surgiu em 1981 com República dos Becos, que lhe granjeou fama nacional, o lançamento da sua Obra Reunida pela Imago, neste fim de 2012, torna-se divisor de águas em sua carreira, já que todo o seu pensamento poético está concentrado nessas quase 1.400 páginas. A parte e o todo agora se encontram e se resolvem em sua própria dimensão única e artística.

      “Integro uma geração de poetas dedicados luminosamente à causa da palavra. Nossa força vem em parte dos ventos da tradição, mas muito mais do crepitar do fogo interno e das braçadas contra as marés do espúrio e do supérfluo que nos querem submergir. Nós, poetas, somos a própria terra”.

“A poesia tem que
queimar as mãos”

      “Cassas é um poeta forte, porque tem o desenho de um cosmos que sabe e persegue, estuda e medita. E, assim, portanto, conhece de modo mais alto as escalas de grandeza que nos regem, desde o DNA ao Empíreo, do sonho alquímico ao teatro da ciência – as formas todas que compõe o legado de nossa miséria e sorte”, afirma o poeta e ensaísta Marco Lucchesi.

     
Luís Augusto Cassas
Na obra em dois volumes, Cassas realiza e consuma a jornada de sua alma, por meio de multifacetada experiência lírica. Inclui a sua relação com a espiritualidade e materialidade do mundo, a convivência com os signos do amor e da paixão, a mitologia do cotidiano e do infinito, a cidade, a mulher, o erotismo, a ecologia integral, a solidão, a crítica da cultura e do consumo, o inconsciente e seus anjos e demônios, a descida aos porões da infância para resgatar arquétipos familiares, até temas incomuns como as doenças e o poema final em que antecipa a sua morte.

      Sua poesia – com sede de eternidade e ânsia de infinito – é uma forma de progressão, de busca inquieta, em múltiplos quadrantes. Poesia e conhecimento. Poesia-sabedoria. Seu interesse vasculha o tudo e o todo – até estrelas e cartas de tarô.

      Escreve para descobrir, decifrar, celebrar, implodir, consolar, combater e até ressuscitar. É luxuriosa a sua relação com as palavras. Intensa a sua eletricidade verbal. Ricas, as variedades de temas, diversificação de estilos e ângulos multinarrativos. Epifanias e tikkuns.

      Sua cartografia poética é caleidoscópica. Sua lírica recusa-se, criativamente, a enquadrar-se nesta ou naquela vertente estético-filosófica. Sua arte verbal é guiada por transgressora lógica e atravessada por dramática compreensão do universo. Mergulha verticalmente na figura do homem, protagonista maior, com seus encantos e sortilégios.

      Escreve com caneta, lápis de sobrancelhas, coquetel molotov. “A poesia tem que queimar as mãos”. A poesia é o seu templo, bunker, igreja, cinema, psicoterapia. Sua espiritualidade – abundante e ecumênica – não nega o corpo e o prazer, mas o integra uma perspectiva holística, revalorizando a consciência do sagrado e o sentimento do mundo. Mística e pós-modernidade. Busca em sua experiência, além da catarse estética, a cura da alma ou a convivência com os seus males. O leitor, um confidente e amigo.

      Um poeta nietzscheano? Um romancista da poesia? Um líder do hospício? Um sobrevivente de Babel? Um profeta do antigo testamento ou um DJ de Deus? Um poeta sem rótulos e igrejinhas. Cultor do verso bíblico e do verso curto. Aceitou o julgo da poesia e por ela foi transformado. Neste retrato definitivo, apresenta-se à consciência da unidade como “um livro aberto”.




Data: 23/12/2012   
Fonte: O Estado do Maranhão
http://www.guiasaoluis.com.br/ver.asp?pagina=2246




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