sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A LINHA DO HORIZONTE




                       Poetas nunca alcançam o céu.

São constelação de pássaros, pétalas de nuvens,
gravitando entre o previsto e o insondável.
São lua cheia recebendo a luz do sol.
O acaso e o inesperado são a sua sina.
Quanto mais se elevam em direção ao céu,
as asas batem de retorno ao ninho.
                      Poetas nunca estão na terra.
                      Sobra-lhes o céu às cabeças.
                      Falta-lhes o chão aos pés.
Os pensamentos são raízes de nuvens.
Seu caminho é o vento. Seu endereço é o coração.
Beleza e tragédia, eis seus companheiros de viagem.
Amados ou esquecidos, sublimes ou desterrados,
poetas vivem apenas o seu destino.







Luís Augusto Cassas


In Liturgia da Paixão, p. 187




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