sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A CAMA




Paradoxal é o gozo
na morte e no amor
Liberta de suas túnicas
a carne não comporta
cerimoniais de mão única



O que podia ser Carrara
ou folha morena de volúpia
são alvas pradarias iluminadas
que o desejo bordou
em guerras púnicas


Sob quatro patas
o amor é um polvo de mil pernas
em que a espada cravou sua estocada
staccato
ou gran finale


Mulher de bruços
ferida em soluços
parece absorta?
mas é amor


Observa a morte nas rinhas
cabeças coroadas de beleza
guerreiros só alcançam a realeza
quando as facas explodem as bainhas


O que queres minha rainha
em teu jeito fruta e flor:
um amor de morte
ou morte de amor?


Derrama as tuas pétalas
em meu corpo de poeta
Entre eras e ervas
— a eternidade nos espera —
alimentemos as feras


eis a minha assinatura:
fogo que perdura
amor que cura


Sou o teu mensageiro
o que vem libertar o teu prazer da culpa
e inaugurar mil anos de volúpia
com a pureza de todos os janeiros


Num dia de domingo
estaremos tardos e findos
Até lá ensolarados
cavalguemos lindos



Luis Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 321


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