terça-feira, 8 de abril de 2014

A LÍNGUA DE EINSTEIN





Nunca consegui fazer uma revolução
na poesia e na vida
Todos os meus amigos têm sido campeões em tudo
Mas ultimamente tenho estado alegre
e transfiro a alegria pra versos e gestos
Minha alegria contagia até flores de plástico
Todos estão circunspectos como a basílica de São Pedro
Todos estão sérios demais como o bigode de Mona Lisa
Todos estão iluminados e distantes como a cara de Buda
Mas eu não  Eu tenho estado sempre alegre
e essa é a melhor revolução que conheço
Nenhuma universidade me ensinou a alegria
Nenhum poeta me ensinou a alegria Só o riso irônico
A alegria é a minha contribuição ao que sobrou
da estética da infelicidade e culpa cristã Por isso sou radical
Minha teoria é o intervalo da Teoria da Relatividade
entre a gargalhada artificial e a infinita tristeza
elevado ao expoente máximo em ser natural
Outros sejam malditos e plebeus
Eu sou apenas alegre sem a culpa de estar alegre
com o direito de estar eterna ou momentaneamente alegre
no pleno exercício da minha alegria
e mostrar (ou não) a língua pro mundo






Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 1 p. 285



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