quarta-feira, 30 de abril de 2014

SEXTO SENTIDO



dizem (e eu
também digo)
que tudo
tem sentido


e embora
escondido
 brota
a flor
 azul
do signo
no perfume
do vivido


mas (também)
pressinto
num átimo
de íntimo
sob as aporias
do oblíquo


(onde tudo
é relativo) que nada
tem sentido


e confuso
observo
em parafuso
nas escuras regiões
da alma
onde o não-brilho
revoga o pistilo


que tudo
permanece
no exílio
como um grito
no granito
e esse traço
(pressentido)
por sinal
(igual ao fósforo
Aceso
no bósforo
em noites
de frio)


é o único
permitido
 entre nós
— vis
— mortais —
e Ele
que escreveu
o Livro


em eras
remotas
a senda
dominava
a cena
(e a imaginação
 excitava
os umbrais)


hoje meio odisseu
meio créu


meio joio
meio trigo


não
me torturo
mais


tornei-me
meu próprio sentido
 nada mais

\



Luís Augusto Cassas



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