segunda-feira, 19 de maio de 2014

O VAZIO DO ESPELHO





à beira de estranho lago
reflito calado mistério
mamando o seio imaginado

o que sou? vento:
morte e renascimento
no pensamento

toda a meditação
a ausente canção
pra ouvir-se o coração

sou rei do que não sei
e da carne que me ergue
jamais saberei

a tinta do meu nome
dissolve-se nas crenças
de impoluta névoa

ó lavadeira do ser:
mergulho nas causas
que precedem as coisas

existencialismo divino
o amplo vazio
do tempo fluindo

ser o espaço em branco
respirando abscôndito
s/ intenção de súplica

e (sendo) ainda assim
piscina deserta
que a gota gesta






Luís Augusto Cassas
In A Poesia Sou Eu, vol. 2, p. 216


Nenhum comentário:

Postar um comentário